A batalha clássica entre a tartaruga e a lebre serve-nos de lição — não é só uma história dos livros: na verdade, devagar se vai ao longe.
O mesmo se aplica à longevidade. Apesar de ninguém contestar o facto de o exercício físico regular prolongar a vida, a verdade é que tudo o que é em demasia pode ser contraproducente. Resultado: actividades de baixa intensidade e de longa duração podem ser melhores para aumentar a longevidade do que períodos curtos de actividade intensa.
Os entendidos nesta matéria detectaram um surpreendente número de atletas de topo e maratonistas bem preparados fisicamente, mas padecendo de uma série de problemas médicos, incluindo o cancro e doenças do coração.
«Isso deve-se ao facto de o exercício em grande quantidade enfraquecer o sistema imunitário, tornando as pessoas susceptíveis de contraírem determinadas doenças», afirma o Dr. Carlos.
Mas quem é que consegue viver o tempo suficiente para poder gozar a sua reforma nos campos de golfe?
Mantenha-se no ponto certo
O golfe desde há muito que goza da reputação de ser bom para ganhar flexibilidade muscular, mas pouco mais. É claro que convém ter um mínimo de condição física, a fim de evitar eventuais lesões e conseguir atirar a bola a cerca de 275 m, mas, verdade seja dita, nem todos os jogadores de golfe se parecem com Adónis.
Todavia, com a nova ênfase colocada em períodos mais prolongados de exercício moderado, jogar golfe poderá ser verdadeiramente benéfico para a saúde.
O problema é que são necessárias cerca de quatro horas e meia para completar os 18 buracos. E a maior parte dos jogadores de golfe estão mais interessados em jogar cada vez melhor do que mais depressa. Na verdade, o carácter de lazer deste desporto é um dos seus atractivos principais. Por isso, a questão não está em avaliar a quantidade de tempo que você perde no campo, mas em como obter o máximo de rendimento, em termos de saúde e de condição física, enquanto lá está.
Não ande de carro. Tendo em conta que só se perde cerca de dois minutos a bater na bola, num total de 4,5 horas, «é óbvio que o treino resultará melhor se cobrir o campo todo a pé — queimando um mínimo de 270 calorias por hora e dando ao seu coração um bom exercício aeróbico», diz Greg Johnson, responsável pelo curso de golfe na Health South Rehabilitation Corporation, em Atlanta, e treinador profissional na Associação de Jogadores de Golfe Profissionais.
Outra das vantagens em cobrir o campo todo a pé é a de você ter menos hipóteses de vir a lesionar as costas, a lesão mais comum entre os jogadores de golfe, afirma Greg Johnson. «Existem provas de que é o carro utilizado pelos jogadores de golfe que está na origem de muitas lesões nas costas relacionadas com esta modalidade», diz Greg Johnson. “As vibrações constantes do carro provocam demasiada pressão sobre as costas, tal como acontece quando conduzimos um camião”.
Não carregue tudo num só ombro. Transportar um saco cheio de tacos de golfe não é nada bom para os ombros. «Aconselho que nos buracos 1, 3, 5 e 7, e restantes números ímpares, transporte o saco num dos ombros, mudando para o outro quando percorre os números pares», sugere Greg Johnson. “A maior parte das pessoas tende a transportar o saco num só ombro, o que não só o torna dorido como descaído, impedindo-o de jogar como gostaria. Ou então compre uma faixa que lhe permita transportar os tacos a meio das costas.”
«E se optar por empurrar os tacos num pequeno carro, troque de posição: empurre-o numas vezes e noutras puxe-o. Utilize ambas as mãos para que possa distribuir o peso por todo o corpo, reduzindo o esforço».
Alongue em cada buraco. A seguir às lesões derivadas da utilização dos carros de golfe, surgem, em segundo lugar, as lesões causadas pela pressa com que se começa a jogar- refere Greg Johnson. Se você começar a manobrar logo o taco, sem alongar primeiro, os músculos permanecerão frios, avisa Greg Johnson. E o seu jogo também. Mas não parta do princípio que basta uma série de alongamentos rápidos antes do primeiro tee. “Aconselho a alongar sempre que estiver a aguardar pela sua vez de jogar”.
Gary Player , a lenda do golfe, gosta de colocar um taco por detrás dos ombros, segurar as extremidades com as mãos, e rodar lentamente de um lado para o outro. «Existem outros alongamentos importantes que você pode fazer entre cada buraco, dos quais se destacam a extensão dos dorsais com as mãos colocadas nas ancas e o corpo inclinado para trás; o alongamento dos ombros, apertando as mãos atrás das costas e levantando os braços; a deslocação do corpo para a direita e para a esquerda com os braços agarrados por cima da cabeça; e o alongamento dos músculos posteriores da coxa – enuncia Greg Johnson.
Recorra aos pesos. Uma das formas de percorrer um campo de golfe mais depressa é tentar atirar a bola sempre para mais longe.
E o treino com pesos pode ajudar a prosseguir esse intento.
Um estudo realizado pela PGA National Resort and Spa, em Palm Beach Gardens, Califórnia – teve por objectivo seguir os jogadores de golfe que iniciaram um esquema de fitness com máquinas e pesos livres.
No final de 12 semanas, 85% dos praticantes aumentaram em cerca de 14 m a distância a que conseguiam atirar a bola.
Treino misto — Dica
Como um dos principais corredores de milha norte -americanos, Steve Scott bateu todo o tipo de recordes:
membro de três equipas olímpicas de atletismo; 136 tempos abaixo dos 4 minutos, incluindo um recorde nacional; e um antigo recorde do Guinness por jogar a partida de golfe mais rápida. Tempo: 29 minutos e 30 segundos, num percurso de 18 buracos. Pontuação: 95
— cerca de cinco tacadas mais elevada do que num jogo normal.
«Comecei a interessar-me pelo golfe em velocidade depois de o ter praticado com os meus amigos, uma série de vezes, o que ajudou verdadeiramente a minha forma de correr», diz Steve Scott, de San Diego. «Faço um óptimo treino, sem me aperceber disso, porque passo o tempo todo a pensar na minha última tacada, ou na minha próxima tacada, não tendo tempo para pensar no cansaço resultante de ter percorrido o campo a toda a velocidade».
No caso do golfe em velocidade você transporta só uma bola e não mais de três tacos (Steve Scott prefere o ferro n.° 3, um wedge e um putte,).
Com sapatos de corrida e calções, percorremos o campo todo a correr. Ganha o melhor tempo.
«Teoricamente, talvez não seja uma boa ideia para si, que acabará por não conseguir dar uma tacada correcta na bola por estar cheio de pressa, afirma Steve Scott, que estabeleceu o recorde de golfe em velocidade, em 1979, mantendo-o na sua posse durante oito anos. «Mas obriga-o a dar uma tacada de forma correcta. Se você a fizer desviar ou a obrigar a voar muito alto demorará muito mais tempo a recuperá-la».
Se quiser experimentar, Steve Scott aconselha o seguinte: «Vá cedo: se não for o primeiro no campo, esqueça. Não ande muito carregado: usei só o ferro n.° 3 e bati o recorde do mundo. E não se esforce muito a subir os montes, caso contrário, ficará extremamente cansado».