O pavimento pélvico é o conjunto de músculos situados na zona inferior da bacía que garantem a consistência. Devem ser flexíveis e fortes tendo ao mesmo tempo a capacidade de sustentar os órgãos pélvicos e a continência durante o repouso e também durante a actividade com carga. Na ausência de um funcionamento apropriado desta função, pode surgir incontinência, prolapsos, sensação de peso na zona vaginal, desconforto ou falta de firmeza vaginal durante as relações sexuais. Localiza o teu pavimento pélvico e treina-o!
Pára e pensa quantas vezes durante o exercicio ou depois de uma corrida ou uma simples caminhada a tua roupa
interior ficou molhada sem ter nada a ver com a transpiração. A publicidade apresenta-nos soluções, segundo ela perfeitas, como utilizar um penso higiénico diário e assim podermos continuar a ser felizes e continuar a brincar com os nossos filhos ou praticar actividade física, sem pensar no agravamento do problema que provoca este tipo de circunstâncias se não tratarmos a causa. Os problemas associados à debilidade do pavimento pélvico são o vaginismo (relações sexuais dolorosas, impossibilidade ou dificuldade em atingir o orgasmo), prolapsos uterinos, obstipação e incontinência urinária que consiste na perda involuntária de urina e afecta 3 em cada 10 mulheres entre a adolescência até a menopausa.
Porque se reabilita o pavimento pélvico
É mais frequente especialmente durante a gravídez, no pós-parto e na menopausa. Os esforços repetitivos ao longo da vida (tosse crónica, espirrar, agarrar em pesos, obstipação persistente) convertem-se em situacões que colocam esta zona ao limite da sua funcionalidade e provocam problemas que se não se resolvem acabam por afectar gravemente a
qualidade de vida da mulher.
Hoje também sabemos que existe um risco elevado de sofrer disfunções a este nível nas mulheres que praticam exercício regular. Um estudo recente realizado em Portugal concluiu que 41, 5% das atletas padecem de incontinência urinária o que as impossibilita de ter uma boa performance e sentem-se desconfortáveis e frustradas (Jácome C., e et al, 2011). O último estudo publicado pela fisioterapeuta especializada na área Kary Bo, (2011) revela que 26.3% do
instrutores de Pilates e Yoga sofrem de incontinência urinária de esforço tendo perdas durante a actividade física (10.9%) e em outras actividades de alta pressão abdomina como espirrar ou tossir com um 25.9% dos casos.
A explicação destas estatísticas sustenta-se na teoria de que a prática desportiva que exige um esforço moderado aumenta a pressão abdominal o que põe uma agressão directa para o pavimento pélvico e o debilita. De todos estes factores, considera-se a causa mais importante na incontinência urinária o aumeto pressão intra abdominal, pela má prática desportiva e o exercicio abdominal realizado de forma errada que vai incidir sobre o pavimento pélvico, provocando a degradação progressiva do mesmo.
Treinar de forma segura?
Nós que somos mulheres e que gostamos de treinar de forma segura procuramos que o nosso trabalho muscular respeite as estruturas e as funções do corpo. O tipo de exercício aplicado aos músculos deve ter sempre em consideração o objectivo que desejamos alcançar (aumento de força, hipertrofia, aumento do tónus muscular, etc.), a sua histologia e as funções principais dos mesmos. Quando se trata da nossa barriguinha, o objectivo é ir ao encontro de um trabalho abdominal específico que traga benefício à parede abdominal sem efeitos secundários sobre o pavimento pélvico. Está provado que os abdominais clássicos debilitam o pavimento pélvico facilitando o aparecimento de problemas uro-ginecologicos referidos anteriormente.
Por sorte existe a Ginástica Abdominal Hipopressiva (GAH), método de treino abdominal com benefícios para a faixa abdominal mas sem efeitos negativos sobre o pavimento pélvico. A GAH são um conjunto ordenado de exercícios posturais rítmicos e sequenciais que tem como objectivo a regulação das tensões musculares e conjuntivas a diferentes níveis do corpo (visceral parietal e esquelético). Este método é utilizado pelos profissionais da saúde como principal ferramenta no tratamento de numerosas patologias funcionais (urinárias, sexuais, digestivas, vasculares).
Para aquelas mulheres que treinam e que não sofrem, ainda, destes problemas, mas querem prevenir e treinar de forma segura a sua faixa abdominal conseguindo uma cintura mais estreita e um pavimento pélvico mais forte e funcional, recomenda-se a prática de Reprocessing Soft Fitness (RSF), uma adaptação da GAH para o mundo do fitness que consiste em posturas hipopressivas com relaxamento do diafragma e contracção reflexa dos músculos abdominais.
Aumentam ainda a vascularização, evitam a incontinência urinária e melhoram as funções sexuais. O programa de exercícios realiza-se individualmente ou em pequenos grupos, duas vezes por semana numa primeira fase com uma progressão específica. Não se trata só de encolher a barriga, implica uma actividade física exigente e dinâmica sempre orientada por um profissional com formação especializada. A longo prazo, a sua aplicação frequente conduz a um aumento do tónus destes músculos, diminuindo de forma significativa o risco de incontinência urinária e prolapsos viscerais.
Se já sentiste algum destes problemas ou gostavas de saber como se encontra o teu pavimento pélvico ou, simplesmente tens alguma preocupação relacionada com este tema, coloca-te em contacto com um fisioterapeuta qualificado na área para resolver todas as tuas dúvidas. Deves continuar a treinar mas sempre de forma segura. Combina a tua actividade física habitual com os abdominais hipopressivos para assegurar uma boa função da faixa abdominal e pavimento pélvico.