O aroma do café desperta-nos todos os dias, acompanha as sobremesas na companhia de bons amigos e mantém-nos acordados ao longo de noites mais compridas. Á frente de uma chávena de café já se assinaram tratados de paz, já se escreveram grandes obras literárias, já se selaram amizades e já se viveram longas noites de paixão. O café também é muito utilizado pelos desportistas, as propriedades estimulantes da cafeína podem ajudá-lo a melhorar o rendimento, a queimar mais calorias e a atrasar o cansaço. Mas o café também tem um lado obscuro e por isso se diz que é uma das drogas mais populares do Mundo. Para poder desfrutar do café sem problemas, o melhor é estar bem informado, conhecendo os seus efeitos — os bons e os maus.
O QUE FAZ A CAFEÍNA?
Os xamãs e os curandeiros usavam algumas plantas como a do café, a do chá, a do guaraná, etc, para potenciar a energia, refrescar a mente e evitar o sono. Estas plantas contêm um alcalóide conhecido como cafeína que tem um efeito estimulante sobre o sistema nervoso central. Os efeitos da cafeína são fáceis de identificar, o primeiro café da nossa vida é mais eficaz, aumenta o ritmo cardíaco, melhora o estado de alerta, estimula o ânimo e reduz o tempo de reacção. Com o tempo, acostumamo-nos a uma dose e necessitamos de mais cafeína por dia para sentirmos os seus efeitos estimulantes. Muitas pessoas não conseguem iniciar o seu dia sem um café. E por isso que se diz que o café é aditivo e que em doses elevadas tem efeitos adversos.
Quando bebemos esta bebida mágica, a cafeína é absorvida rapidamente no estômago e no intestino e distribui-se por todo o organismo, alcançando o pico máximo no sangue 45 a 60 minutos após a sua ingestão. Para as pessoas que não estão acostumadas a beber café, 250 mg de cafeína (uma chávena grande de café) provocam um aumento do nível plasmático na retina, da noradrenalina e da adrenalina, o que origina um estado de ansiedade, de diurese, um aumento das secreções gástricas, um aumento da pressão sanguínea e das pulsações, etc. A cafeína degrada-se no fígado em dimetilxantinas, que se eliminam através da urina. Estes efeitos podem durar uma a 12 horas, dependendo do peso e das condições de cada pessoa. Após quatro dias a beber café habitualmente, o corpo aprende a tolerar as doses e os efeitos diminuem, transformando-se num ligeiro estimulante. Os mais aficionados não sentem qualquer destes sintomas pois o seu sistema de desintoxicação está habituado a metabolizar a cafeína. Podem até dormir que nem umas pedras após beber várias chávenas de café por dia, inclusive após o jantar.
UM CAFÉ ANTES DA LINHA DE PARTIDA
Quantas vezes bebeu café antes de competir? Quem nunca ouviu que o café ajuda a “queimar” gordura durante o exercício? A cafeína tem sido uma das substâncias mais utilizadas para melhorar o rendimento, tanto que o comité anti-dopagem sanciona os desportistas cujo nível de cafeína na urina ultrapassa os 12 mg/L. O café é uma arma poderosa que pode ajudá-lo a melhorar o seu rendimento, mas tem o seu lado obscuro, por isso trate de aprender a utilizá-lo.
O efeito estimulante do café tem sido utilizado desde a década de 70 nas competições atléticas. Os sprinters bebem café para beneficiar da energia de saída, mas onde ele tem realmente efeito é nos desportos de resistência como a maratona, pois a cafeína tem fama de aumentar o rendimento e de atrasar o esgotamento. Os músculos necessitam de energia sob a forma de glicose para funcionarem durante o movimento. Quando se acabam as reservas de glicogénio muscular e hepático, aproximadamente após os primeiros 15 ou 20 minutos de exercício, o metabolismo recorre à gordura de reserva para transformá-la em glicose e manter o ritmo. A cafeína parece que facilita a utilização de gorduras, fornecendo glicogénio e prolongando o tempo de exercício. Esta acção ainda não está claramente demonstrada. A maioria dos especialistas explica que a chamada “energia” que a cafeína provoca se deve ao aumento dos níveis de adrenalina no sangue, o que dá a sensação de energia ou de euforia, que atrasa o surgimento de fadiga, melhora a concentração e diminui a percepção de cansaço ou de dor. Este efeito é duplo, se não nota o cansaço pode prolongar o tempo de exercício e quanto mais tempo passar, mais recorrerá á “queima” de gordura de reserva para dispor de energia durante o movimento e mais treinado ficará para a resistência.
O que não é certo é que a cafeína mobilize a matéria gorda. E o treino que prepara o músculo para economizar o glicogénio e quem facilita a utilização das reservas de gordura durante os esforços mais prolongados.
A nível químico, a cafeína antagoniza os receptores de adenosina, um neurotransmissor neuronal que se encarrega de transmitir a informação de fadiga ao cérebro. Quanto mais cansados estamos, mais adenosina se produz. A cafeína é tão parecida com a adenosina que os neurónios não sabem distingui-las e unem-se a ela. Quando a cafeína ocupa o espaço nos neurónios reservado à adenosina, evita que o cérebro receba a informação de cansaço, mantendo a mente clara e activa. Também incrementa a produção de catecolaminas no plasma e permite que o organismo se adapte ao esforço fisico e mental.
A cafeína tem um efeito diurético que tem sido utilizado nos desportos da categoria de pesos para se perder quilos antes da competição. O problema é que ao urinar acelera-se o processo de desidratação e deve-se compensar esta perda de fluidos rapidamente, especialmente quando faz calor. Algumas combinações explosivas para perder peso (efedrina+cafeina+ácido acetilsalicílico) não só são proibidas aos atletas, como consistem num autêntico modo de perder saúde.., tudo por causa de uns quilos que podiam ser eliminados com uma dieta e com mais exercício.
Alergia ao café ou hipersensibilidade à cafeína?
Algumas pessoas não podem beber café, ou dizem que são alérgicas ao café. Na generalida são pessoas enérgicas e inquietas, que não necessitam de mais estimulantes para a vida diária, que devem evitar todo o tipo de bebidas com cafeina, especialmente o café, nem mesmo utilizando-o como estimulante antes de fazer desporto ou de competir. Em outros casos, são os próprios nervos da competição que fazem com que pessoas habituadas ao café tenham problemas de estômago no dia da grande prova.
O lado obscuro da cafeína
O segredo de saber usar o cafeína está na dose. Lembre-se sempre que a cafeína é uma droga que deve ser tomada com moderação. A dose de cafeína habitual, dois ou três cafés por dia, não provoca problemas, mas tenha em conta que:
- Mais de quatro ou cinco cafés por dia traduzem demasiada cafeína. Em pessoas não acostumadas pode provocar nervosismo, tensão muscular crónica, irritabilidade, dores de cabeça, depressão, insónias e até delírios, tremuras e taquicardias.
- Há que ter cuidado com o efeito “energizante” da cafeína, pode fazer com que nos sobrecarreguemos com esforço e descartemos sensações de fadiga ou de dor que precedem Lesões por sobrecarga.
- Lembre-se que não só o café tem cafeína mas também o chá, as bebidas como a Coca-cola, a Pepsi, o chocolate, as bebidas energéticas tipo Red BuLL, o guaraná, etc.
- A cafeína inibe a absorção de vitamina B1 e de minerais como o cálcio e o ferro.
- A cafeína pode causar problemas gastrointestinais e provocar problemas de estômago.
- Em grandes doses, como 10 g de cafeína, pode chegar a ser Letal para o Ser Humano. Esta dose é equivalente a 75 chávenas de café bebidas em meia hora.
- A cafeína não é recomendável a pessoas com problemas de stress, de nervosismo, a grávidas, a crianças, a pessoas sensíveis à cafeína, com problemas cardíacos, hipertensão ou a quem sofre de uma úlcera no estômago.
- A cafeína é uma droga que causa adição, o corpo acostuma-se à dose e pede mais. As pessoas viciadas em café sabem o que é passar de dois ou três cafés por dia para quatro, cinco ou sete de modo a obterem a mesma sensação de euforia que experimentavam há alguns anos com apenas uma chávena de café. Controle as doses.
- O café aumenta a tensão arterial e tem um efeito diurético que pode agudizar a desidratação durante o exercício.
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